Uma viagem ao passado e aos artigos que escrevi há alguns dias.
Na gíria popular diz-se que “todos os caminhos vão dar a Roma”, mas este ano todos os caminhos vão até Lisboa. No próximo mês de maio, os países europeus (e não só) direcionam os ponteiros das suas bússolas para a capital portuguesa, que acolherá, pela primeira vez, o Festival Eurovisão da Canção. Tudo a acontece, como sabemos, como resultado da vitória de Salvador Sobral com “Amar Pelos Dois” no concurso, que no ano passado decorreu em Kiev.
Na edição deste ano, a Eurovisão inspira-se na nossa cultura e nossa história pelos mares e infiltra-se finalmente nas nossas gentes. “All Aboard!” foi o lema criado para a edição de 2018.
Verdade seja dita, continua a ser lamentável como alguns cantores e personalidades portuguesas consideram a Eurovisão pura pimbalhice (refiro-me, naturalmente, às recentes afirmações de Rui Veloso). O Festival pode até não ter o mesmo significado para todos os portugueses (há quem prefira reality-shows ou as discussões acesas dos programas futebolísticos), mas esquecemo-nos que é a arte aquilo que realmente perdura, e não é apenas desta vez que Portugal está na Eurovisão.
Desde 1964 que quisemos que a língua portuguesa fosse ouvida no meio de tantas outras, por vezes indistintas, vozes. Vozes que chamaram à atenção e receberam apoio de produtores musicais, aqueles que olham para a Eurovisão como uma verdadeira rampa de lançamento de carreiras no universo musical. Nome maior dessa proeza foi obviamente, o grupo ABBA, que representando a Suécia, sairia vencedor da Eurovisão com “Waterloo”, em 1974. Destaque para outros nomes como Domenico Modugno, Céline Dion, para já não falar dos mais recentes participantes: Loïc Nottet, Måns Zelmerlöw e Jamala, os três com êxito pelo território europeu. Falta-nos ainda entender a Eurovisão como a única oportunidade dos países participantes se mostrarem íntegros de uma comunidade sem fronteiras, em que a música é o maior manifesto e a sua principal língua.
Quanto à edição deste ano, espera-se uma Eurovisão mais moderada, com menos fogo-de-artíficio, mas certamente com mais emoção. Aponto países como Grécia, Bélgica, Espanha, Israel, França e Estónia como os principais favoritos. “Oniro Mou”, por exemplo, a canção da Grécia interpretada por Yianna Terzi, é uma prova de que continua a haver espaço no Festival para cantar na língua materna. Além disso, é uma canção que exemplifica bem a situação do mundo contemporâneo. Devemos dar valor ao nosso país, às nossas raízes, devemos dar a voz ao povo e a quem não a tenha. Valorizando o que é nosso, olharemos além do horizonte e reconheceremos a Eurovisão é o maior programa de “mass-entertainment” do mundo.
Este artigo foi publicado pelo jornal JM-Madeira.
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